Navegação

quinta-feira, 8 de março de 2012

De olhos abertos ou fechados: a vida e os sonhos

           Inicio esse post com a promessa de, a partir desse mês de março de 2012, voltar com postagens regulares aqui no Violeta. Ressalto que meu principal objetivo é aproveitar esse espaço para registrar e expressar meus pensamentos, observações e produções relacionadas a todos os assuntos que me despertam profunda paixão. No entanto, qual não é meu prazer e felicidade em descobrir, a partir de comentários recentes, que há um grupo de pessoas - certamente muito especiais - que visitam o Violeta mensalmente à procura de atualizações. Fico realmente muito feliz com a atenção e, envergonhada pelo recente abandono do espaço (com exceção do texto de ano novo), renovo meu compromisso comigo, com o blog e com aqueles que o visitam - trabalharei a todo vapor para sempre trazer novidades.
          Dito isso, escolhi para essa postagem um dentre os desenhos que fiz atualmente e um poema de Fernando Pessoa para acompanhá-lo. O desenho faz parte dos meus recentes estudos em cima de fotos, para melhor representar e entender as feições humanas, tão difíceis de serem capturadas no traço do lápis e, por isso mesmo, tão desafiadoras. O poema, palavras de um grande poeta que me tocaram por sua leveza tão dura (ou seria sua dureza tão leve?). Ao mesmo tempo, achei nesse retrato do sonho e da escuridão uma  sutil relação com a etapa que estou iniciando agora em minha vida: semana que vem inicio o curso de Letras e sinto-me, assim, adentrando um espaço desconhecido. Sigo meu sonho caminhando no escuro - certamente um escuro cheio de desafios e surpresas recompensadoras.
           Como esse post acabou saindo no Dia Internacional da Mulher sem que eu pudesse preparar algo especial para a ocasião, não podia deixar de registrar aqui dia tão especial para a história da nossa sociedade. Dia cujo principal objetivo é lembrar-nos que, embora as mulheres tenham realizado conquistas surpreendentes nos últimos anos, a realidade ainda é dura. A luta pela igualdade de direitos continua e desejo que todas as mulheres continuem a conquistar cada vez mais espaços e a iluminar assim os caminhos do mundo com seu brilho tão particular.
           Por último, uma recomendação: a querida Marcia Caetano publicou recentemente em seu blog Na Linha, um texto interessantíssimo acerca do filme O Artista, filme por qual me apaixonei que ganhou merecidamente diversos Oscars, inclusive os de melhor filme e ator. No post, ela apresenta e traduz informações de uma matéria em francês sobre o filme e suas inspirações. Fica já a dica para o Na Linha, blog riquíssimo que é parada obrigatória em meus acessos à internet.
           Deixo abaixo então o poema e o desenho, enquanto já trabalho no próximo texto. Espero que gostem!

Sofia Botelho, 19 de fevereiro de 2012


Sonhei, confuso, e o sono foi disperso,
Mas, quando despertei da confusão,
Vi que esta vida aqui e este universo
Não são mais claros do que os sonhos são

Obscura luz paira onde estou converso
A esta realidade da ilusão
Se fecho os olhos, sou de novo imerso
Naquelas sombras que há na escuridão.

Escuro, escuro, tudo, em sonho ou vida,
É a mesma mistura de entre-seres
Ou na noite, ou ao dia transferida.

Nada é real, nada em seus vãos moveres
Pertence a uma forma definida,
Rastro visto de coisa só ouvida. 

Fernando Pessoa,  28-9-1933
Novas Poesias Inéditas
Licença Creative Commons
This work is licensed under a Creative Commons Atribuição-Uso não-comercial-Vedada a criação de obras derivadas 3.0 Unported License