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domingo, 29 de janeiro de 2012

Um olhar sobre a vida: Retrospectiva do ano que passou


Peanuts - Tirinha retirada do tiras-snoopy.blogspot.com/

Embora em grupo pequeno, uma calorosa reunião em família. Fogos de artifício lançados nas casas vizinhas cobrem o céu de cores vibrantes e estrondos a assustar as crianças adormecidas e a pequena cadela. O champanhe escorre da garrafa, misturando-se às risadas que se dissipam no ar. Um telefonema. Abraços e mensagens repletos dos desejos habituais. No carro, protegida do frio da madrugada durante a volta para casa, deixo minha mente divagar enquanto meus olhos perscrutam as vibrantes luzes que traçam o contorno distante de minha cidade.

            Desde então, não sei ao certo se de maneira inconsciente, passei os dias evitando que minhas mãos encontrassem uma caneta, o teclado, um lápis ou outra ferramenta capaz de rabiscar sequer um esboço acerca do fim de mais uma página em minha vida. Não por faltar palavras ou inspiração, mas simplesmente pelo fato de perceber a impossibilidade de abranger em um único texto, ou sequer transpor em palavras, todos os significados do ano que passou – alguns dos quais ainda não apreendi por completo.
            Escrevo, dessa maneira, não apenas com o objetivo de compensar a minha ausência de mais de dois meses do Violeta, mas com a intenção de registrar ao menos a minha gratidão pelas emoções e momentos vividos, pelos sorrisos e carinhos compartilhados, pelas brincadeiras, brigas e conversas de todos os dias, por tudo que meus olhos foram capazes de observar e presenciar neste ano que deixamos para trás, mas que, mesmo que em fragmentos, preservamos em nossas lembranças.
Escrevo assim consciente de que o resultado final não irá satisfazer todas as minhas expectativas. No entanto, estarei feliz se conseguir expor ao menos um esboço da intricada pintura que se apresenta em minha mente à lembrança do ano que passou, uma pintura tão rica em cores, volumes e formas.
Foto retirada do site: blogs.thenews.com.pk
            Em relação ao mundo, 2011 foi certamente um ano capaz de surpreender, maravilhar e indignar todos os que o acompanharam – talvez da mesma maneira controversa como a própria natureza humana nos inspira surpresa, admiração e indignação. Decerto, um dos retratos mais importantes de todas essas emoções que representam o ano que passou se apresenta em movimentos como a Primavera Árabe, o Movimento dos Indignados na Espanha e o Ocupar Wall Street nos EUA, em que milhares de pessoas, com sua força, paixão e profunda indignação tomaram as ruas em protesto às ditaduras do Oriente Médio e Norte da África, no primeiro caso, e à atual estrutura econômico-financeira mundial, responsável pela crise econômica e suas assustadoras taxas de desemprego, nos dois últimos.
            Em um nível pessoal, 2011 revelou-se um ano muito maior do que a mera conclusão de uma etapa importante de minha vida, o Ensino Médio. Certamente, todos os seus dias foram marcados pelo convívio com pessoas singulares e pela alegria de tê-las por perto.
 Minha família não deixou de me surpreender com todos seus talentos, seja na escrita, na fotografia, nos instrumentos, na arte e até mesmo no trabalho. Em nossa casa permaneceu aquela alegria característica. Discussões e brigas também, afinal, o que seria da alegria se não houvesse a tristeza? É como se todos os móveis reproduzissem uma música gostosa pela casa, ora suave, ora ritmada – e assim dançamos conforme a melodia.
Último dia de aula
No ano que passou, adquiri a certeza de que as amizades que carrego não irão se desfazer com a distância ou com o tempo. Conheci pessoas que marcaram profundamente a minha vida e aprofundei meus laços com aquelas que participaram ativamente de meu crescimento. A separação é por vezes inevitável. No entanto, mesmo sem o convívio diário, tais pessoas estão e estarão em meus pensamentos, tal como o mar que, com suas ondas, sempre volta à praia. Desejo-lhes sempre muitas felicidades pelos caminhos que seguirão.
Enquanto escrevo e penso em tantos momentos, percebo que o texto vai se construindo com uma visão deveras positiva acerca do ano que passou. De fato, quando penso em 2011 é impossível conter um sorriso. Apesar disso, é claro que o ano não transcorreu apenas com sorrisos. Foi um ano repleto de risadas, surpresas, brincadeiras, despedidas e certas decepções. Em 2011, estudei muito, toquei violão e cantei com toda a minha sinceridade, escrevi em linhas retas e curvas, aproveitei a companhia de pessoas tão bonitas em suas diferenças, vivi muitas músicas e amei profundamente. Certamente, quando penso em 2011, a saudade já é inevitável.
Gilberto Gil - Fonte: entretenimento.r7.com
            Quanto ao ano novo, é impossível prever o que 2012 nos reserva. No início do mês, fui ao show do Gilberto Gil no 1º Festival Internacional de Artes de Brasília. Em determinado momento da noite, após diversas interpretações que me mergulharam em profunda reflexão (em especial sua interpretação de A Paz), Gil disse algo muito bonito, com aquele seu olhar distante e contemplativo. Em resposta a um “eu te amo” da plateia, o artista sorriu e falou que também amava todos ali presentes por um simples motivo: porque, assim como nós, estava vivo.
Registro aqui essa reflexão pois, durante a virada, resolvi que não faria as tradicionais resoluções de ano novo, que na maioria das vezes parece que fazemos com o simples objetivo de não cumpri-las. Minha meta é apenas uma e pretendo cumpri-la com todo sentimento que há em mim: viver. Viver o ano aproveitando o máximo dessa vida e suas oportunidades. Afinal, como diz Lenine, a vida é tão rara...

Por fim, para receber 2012 com tudo o que desejo para as pessoas queridas e para o mundo, deixo abaixo um vídeo que me emocionou profundamente. Trata-se da gravação da música Imagine, do John Lennon, realizada por músicos de todos os cantos do mundo através do projeto Playing for change, que provavelmente será tema de um post aqui no Violeta (amo a ideia e todo o projeto!). Feliz Ano Novo e que em 2012 não abandonemos nossos sonhos, não esquecendo que, para transformar o mundo, devemos primeiro realizar a mudança em nós mesmos.




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